-"Oi, que bom que você veio! Não, não te esperava. Claro, que estou surpresa! Entra, pode entrar. Senta. Que tomar algo? "
-"Água?"
-."Muita água, em você, não é? A sua maneira de ser me lembra o movimento das águas, águas mansas. Você é suave. Chega deslizando e vai entrando onde encontra frestas e de repente, sem que se perceba, a gente se inunda. E é gostoso. É terno. É prazeroso. Sentir você."
- "Que viagem! É que sou assim. Vivo nas nuvens. De vez em quando desço para ter com os outros. Para Ser. Se me assusta? Muito. Por isso deixo sempre a porta aberta. Se acaso..."
-"Engraçado, que agora aqui com você, mesmo com a porta aberta, não tenho vontade de ir. Sinto uma imensa vontade de ficar. Você? Não te assusta ficar? Não? Imaginei. Tem que ter muita coragem pra ficar. Sinto uma espécie de vertigem. Forte, isso. Intenso."
-"E agora o que se faz? Não tenho a vivência do ficar. Ficar dói?"
- "Não? É só silenciar e sentir?"
-"É, preciso silêncios..."
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