martes, 15 de noviembre de 2011

Máscaras

Viviam em um lugar muito parecido a qualquer outro lugar no mundo. Eram crianças, e como todas as crianças, encontravam sempre motivos para serem felizes. Neste lugar, quando se completava doze anos, assim como um rito de passagem, as crianças ganhavam uma máscara a qual teriam que usá-las para o resto da vida. Não se via, neste lugar, nenhum adulto sem máscaras. Assim, desde que se nascia até completar doze anos, as crianças eram preparadas para encontrar sua máscara ideal. O normal era ser feliz com esta sina. Mas, ao contrário dele e da maioria, ela não era feliz com a sina que a esperava. Não entendia que felicidade poderia ter em esconder-se detrás de uma máscara, às vezes, queria ficar criança para sempre. Porém, não podia fugir de sua sina. E quando completou doze anos, assim como todas as crianças, teve que colocar sua máscara. Máscara esta, escolhida por sua mãe.
Ao colocá-la, sentiu seu rosto queimar e uma dor profunda tomou conta de sua alma. Desde esse dia ela era só dor. Cresceu, tecendo esse fio da vida. E neste emaranhado, sabia-se ligada a ele por seu enorme amor e sabia também do medo que tinha de perdê-lo atrás da máscara. O tempo foi passando em seu corpo e ela se transformando em mulher, uma mulher sem rosto, mas uma mulher.
Numa noite de lua, sozinha em seu quarto ela observa seu corpo nu diante do espelho e, num gesto de  sobrevivência, arranca a máscara de seu rosto. Com as mãos trêmulas toca pela primeira vez seu rosto de mulher. Que linda que era. Que imenso que era se ver, simplesmente se ver. Sua alma se despe agora de toda a dor e caminha livre. Em meio ao êxtase do se conhecer, ela adormece abraçada a máscara que não é mais sua.
Desperta com a luz do sol em seu rosto, corre para o espelho e mais uma vez se olha, se toca e ver que não tinha sonhado. Sim, é ela sim. Ela é esta mulher que a máscara escondia. Escuta a voz de sua mãe. Sabia que chegara o momento. O momento indiscutivelmente seu. O momento de Ser. E assim, completamente despida, desse as escadas, olha profundo nos olhos de sua mãe e devolve a ela a máscara que nunca lhe serviu. Sem olhar para trás sai pelas ruas, caminha por entre as pessoas. Vê o medo estampado em seu olhos. Algumas, assustadas, correm dela,  outras tentam em vão cobri-la, existem também,  as que  criam coragem e tiram suas máscaras. Ela simplesmente caminha. Pára diante dele. E, num gesto de compaixão toca-lhe a máscara e tenta arrancá-la. Ele sangra. A dor lhe é insuportável e ele foge. Só então, ela percebe que para ele a dor de Ser é bem maior que a de não Ser. Comovida, chora a dor do outro.



domingo, 13 de noviembre de 2011

A procura

Estava diante do espelho. Olhava profundamente dentro de seu olhar. Buscava-o. Não o encontrou. Ele não mais estava no reflexo dos seus olhos. Onde estaria? O teria perdido? Não sabia. Sua alma, num gesto de desespero, saiu a procurá-lo. Caminhou pelo tempo, os seus tempos, mas não o viu. Ele estava em outro tempo que não o seu, em outra mirada que não a sua... Sim, ele estava. Estava  no brilho do olhar de outra mulher. Ali o encontrou.
Estupefata, sua alma, não encontrou caminhos para voltar e anda perdida pela vida. Seus olhos, sem ter mais o que refletir, partiram-se em pedaços...

viernes, 11 de noviembre de 2011

Sobre a beleza de ler(te)

Ontem tive um sonho. Sonhei que saías de um livro e te transformavas em  sons que inundavam todo o meu Ser. Foi lindo ler-Te.

sábado, 5 de noviembre de 2011

Quereres


Queria ser uma melodia que percorresse o espaço e chegasse até você, sussurrasse em seu ouvido todo o meu querer e lhe inundasse com meus sons... Queria poder chegar até você...

miércoles, 2 de noviembre de 2011

Silêncio

Hoje sou só silêncio. As palavras teimam em não se fazerem vida. Estão lá guardadas no mais profundo de minh'alma, esperando talvez, o momento de se dizerem. Talvez não, talvez não exista esse momento e elas, as palavras, ficarão presas na imensidão do não Ser. Serão então silêncio, o mais puro silêncio.

martes, 1 de noviembre de 2011

Sobre o olhar

Desde muito pequena aprendeu que para ver melhor, é preciso fechar os olhos. Quando o seu pai partiu, sempre que o queria ver, fechava seus olhos. Assim, com os olhos fechados, o via caminhando pela casa, brincando com ela, cozinhando para ela. Sendo com ela.
Naquela tarde nublada, caminhando só, por aquela cidade que não era sua, sentia uma necessidade quase vital de lembrar aquele homem que, como seu pai, esteve sempre presente em seus sonhos e completamente ausente em sua vida. Talvez essa necessidade lhe era tão urgente, por estar novamente em outro país, por sentir-se completamente estrangeira de si mesma. Precisava sentir alguém próximo a ela, nem que fosse por alguns minutos. Precisava.
Caminhou até o parque mais próximo, sentou-se diante do lago e fechou os olhos para olhar. Ele estava sentado do outro lado do lago, parecia ler um livro. Não. Ele escrevia poesia. A cada poesia que escrevia, fazia um aviãozinho com o papel e jogava em sua direção. Algumas lhe chegaram, outras caíram no lago e havia as que com a força do vento não conseguiram voar e ficavam ali com ele. Mas as que lhe chegaram eram tão lindas, tão verdadeiras, tão “Ele”, que ela sabia no mais profundo do seu ser, que sim, ela teve um pouco dele. Sim, era Ele que chegava a ela.
Permaneceu muito tempo assim, mirando-o de olhos fechados. Poderia ficar uma vida toda.Toda uma vida.
Mas algo lhe pedia para abrir os olhos, não entendia bem o que era, mas sentia. Sentia um desejo enorme de simplesmente abrir seus olhos. Ao abri-los, qual foi sua surpresa, ao ver, Ele, o homem,  a sua frente de olhos fechados mirando-a.